CIÊNCIA E RELIGIÃO PRECISAM DE FÉ


As disputas entre as crenças têm se tornado cada vez mais comuns, e nas últimas décadas surgiu um movimento ateu militante, muitas vezes intolerante, que pretende demonstrar a superioridade da ciência em relação à religião.  Seu argumento é basicamente este: a ciência não precisa de fé. Ledo engano.

Para sustentar a hipótese ateia da realidade, seus defensores costumam entender fé como um conceito religioso, que significa “crer quando você sabe que não há evidência alguma”. Contudo, essa ideia se refere à fé cega, que além de servir a diversos contextos, também é muito diferente da origem da palavra, que vem do termo latino fides, cujo significado é lealdade ou confiança.

Pois bem, se nenhuma pessoa razoável confia em algo ou alguém sem alguma evidência, então não haveria cientistas de currículo invejável como o cosmólogo Allan Sandage,[1] o físico Charles Townes,[2] ganhador de prêmio Nobel, e o matemático John C. Lenox,[3] que declararam fé em Deus após análise das evidências disponíveis, portanto fé nada tem a ver com crer sem evidências,[4] e nunca houve, nem há, incompatibilidade entre religião e ciência.

Na realidade, a própria ciência precisa de fé na possibilidade de que as leis físicas sejam racionais, ou seja, compreensíveis à razão, do contrário a ciência não progrediria.  Perceba que se a razão humana NÃO criou o universo, e nem sua própria capacidade de raciocinar, não há como garantir a veracidade da explicação da realidade presente em nossas cabeças. Ao meditar sobre isso, o próprio Einsten chegou a dizer que “a coisa mais incompreensível sobre o mundo é que ele é compreensível”. Para entender melhor, imagine que um cientista inicie uma conversa com outro e ela assim se desenrole:

 

- Com o que você faz ciência? – o primeiro cientista pergunta -

- Com a minha mente (ou com meu cérebro, a depender da corrente filosófica adotada). – diz o segundo cientista

- Fale-me do seu cérebro. Como ele surgiu? – o Cientista questionador avança.

- Por meio de processos naturais, irracionais e não guiados. – retruca o cientista materialista

- Por que, então, você confia nele? Se você acreditasse que seu computador fosse o resultado final de processos irracionais e não guiados, você confiaria nele?

- Nem por um segundo! – Espanta-se o segundo cientista

- Obviamente você tem um problema então.[5] – O primeiro cientista vangloria-se


Diante dos argumentos trazidos, espera-se que você já esteja convencido da compatibilidade entre fé e ciência. Assim, como o foco desta publicação não é defender uma corrente em desfavor da outra, sugere-se a quem quiser se aprofundar no tema a busca por informações sobre “o problema difícil da consciência”, aquele que talvez seja o maior desafio neurocientífico do século.


 



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REFERÊNCIAS

 

https://en.wikipedia.org/wiki/Allan_Sandage

https://super.abril.com.br/historia/deus-existe-2/

https://exame.com/ciencia/20-frases-de-albert-einstein/

LENNOX, John C.. A ciência pode explicar tudo? São Paulo: Vida Nova, 2021. Tradução de Marcelo Gonçalves.



[1] Sandage foi um dos astrônomos mais influentes do século XX. Nascido em Iowa, no Estados Unidos, ele se graduado na Universidade de Ilinois em 1948 e em 1953 obteve seu PhD na Caltech 

[2] Towes foi um físico estadounidense nascido em 1915 que ficou conhecido por trabalhos fundamentais no campo da eletrônica quântica, construção de osciladores e amplificadores baseados no princípio dos maser e laser. Ele também foi ganhador do prêmio Nobel, em 1964.

[3] Lenox nasceu em 1943, é matemático, apologista cristão e filósofo da ciência. Ele é muito conhecido por suas palestras pelo mundo, e tem participado de debates com ateus famosos como Christopher HitchensMichael ShermerLawrence KraussStephen LawPeter Singer e Richard Dawkins.

[4] É sempre importante lembrar que se ciência e religião fossem opostos, não haveria tantos cientistas religiosos, muito menos algum que tivesse ganhado um prêmio nobel.

[5] LENNOX, John C.. A ciência pode explicar tudo? São Paulo: Vida Nova, 2021. Tradução de Marcelo Gonçalves Pág. 62

José Lucas Steinmetz

Dá uma olhada, talvez alguma coisa aqui te interesse!

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