As recapitulações de vida são um dos
elementos mais transformadores de uma Experiência de Quase Morte (EQM), e nelas
o sujeito costuma observar a si mesmo interagindo com as pessoas da sua vida.
Ele percebe como as tratou e, frequentemente, coloca-se no lugar delas para
identificar seus sentimentos. Após a experiência as pessoas costumam defender que
dois elementos são levados da vida: o amor e o conhecimento.
Um dos fatores que pode aumentar o impacto emocional
de uma revisão de vida é o eventual acompanhamento da pessoa por uma entidade
espiritual, geralmente descrita como irrestritamente amorosa e compreensiva,
que guia as rememorações sem qualquer julgamento. Ver-se diante de um ser capaz
de compreender o maior dos pecados, para alguns, pode ser causa de
arrependimento das atitudes más, além de gerar os o desejo de reconciliação,
mudança de pensamento e forma de agir.
As recapitulações de vida são uma importante
evidência da existência de vida após a morte porque se elas, assim como as
EQMs, fossem produto exclusivo do cérebro, seria de se esperar uma maior
frequência de elementos alucinatórios, falta de coerência e apego à memória
mais recente dos indivíduos. Contudo, como os acontecimentos revisitados são
coerentes e geralmente aconteceram, ainda que há muito tempo, a hipótese
materialista perde força.
Os demais argumentos céticos (mecanismo de
defesa psicológico, produção de descargas elétricas pelo cérebro no momento da
morte em regiões responsáveis pela memória) usados para justificar as
recapitulações de vida não afastam o peso das evidências coletadas. Primeiro
porque se as revisões fossem meros mecanismos de defesa só lembranças
agradáveis deveriam ser revistas, o que não é o caso. Além disso, não se pode esquecer
que ocorrem retrospectivas de vida em momentos quando o cérebro está inativo,
como em uma anestesia geral. Os estudos feitos por Emily Williams Kelly, Bruce
Greyson e Edward F. Kelly, PhD também apontaram que as alucinações causadas
pelas descargas elétricas no cérebro são bem diferentes dos fenômenos de EQM.[1]
Segundo pesquisa conduzida pela Near Death
Experience Research Foundation – NDERF – (ou Fundação de Pesquisas sobre a
Experiência de Quase Morte), de um total de 617 casos de EQM estudados, revisões
de vida foram descritas em 88 casos (14%), e desses resultados nenhum possuía
conteúdo considerado irreal, seja pelos pesquisadores, seja pelas pessoas que
tiveram as experiências.
As recapitulações de vida feita durante uma EQM também parecem trazer efeitos análogos ao de uma “terapia condensada”, já que depois delas as pessoas costumam mudar radicalmente seus estilos de vida, a ponto de terem sido chamadas, pelo dr. Raymond Moody, de “Psicoterapias de um minuto”.
LIVROS
RECOMENDADOS
REFERÊNCIAS
Long,
Jefferey. Evidências da vida após a morte: a ciência das experiências de quase
morte/ Jefferey Long com Paul Perry: tradução Tina Jeronymo – São Paulo:
Larousse do Brasil, 2010.
[1]
Kelly, Emilly Williams, KELLY, Edward F., CRABTREE, ADAM. Irreducible Mind: Toward a Psychology for
the 21st Century, 2009