JÁ TE CONTARAM QUE CHICO XAVIER FOI PROCESSADO?

 


            O primeiro livro psicografado por Chico Xavier, Parnaso de Além Túmulo, foi publicado de em 9 de julho 1932. Além de chocar muitas pessoas, fez especialistas terem de escolher entre duas opções: ou se tratava de um gênio copiador, capaz de reproduzir obras de vários artistas diferentes; ou os mortos haviam se comunicado. O curioso é que o rapaz, com então 21 anos, não passava de um “matuto” de pouco estudo, cujo tempo pouco tempo livre que possuía era dividido entre a grande família, as reuniões espíritas e seu trabalho. 

Foram 59 poemas assinados por 14 desencarnados ilustres e as pessoas se perguntavam: “Por que ele não assume a autoria? “Por que deixa de ser considerado poeta, ou um gênio da cópia, para ser alvo de suspeita?”, ou “Por que raios ele converte todos os direitos autorais para a Federação Espírita Brasileira?

Alguns escritores manifestaram publicamente sua surpresa, como Zeferino Brasil, integrante da Academia Rio Grandense de Letras:

 

Ou os poemas em apreço são de fato dos autores citados e foram realmente transmitidos do além ao médium ou o sr. Francisco Xavier é um poeta extraordinário, capaz de imitar os maiores gênios da poesia universal. [1]

 

 Além de Zeferino. Humberto de Campos, na época integrante da Academia Brasileira de Letras, também se manifestou:

 

Sente-se, ao ler cada um dos autores que veio do outro mundo para cantar neste instante, a inclinação do senhor Francisco Candido Xavier para escrever a la manière de ou para traduzir o que aqueles altos espíritos sorarem ao seu ouvido

[...]

Se eles voltam a nos fazer concorrência com seus versos perante o público, e sobretudo, perante os editores, dispensando-lhes o pagamento dos direitos autorais, que destino terão os vivos que lutam hoje com tantas e tão poderosas dificuldades?

[...]

Venham fazer concorrência em cima da terra, com o arroz e o feijão pela hora da vida. Do contrário, não vale. [2]

 

Anos mais tarde Humberto de Campos também desencarnou e começou a se comunicar por Chico Xavier. O inesperado foi o processo que ele tomou da viúva do poeta por isso, no longínquo ano de 1944. A lógica era a seguinte: Se as obras eram realmente de Humberto de Campos, nada mais justo do que seus direitos autorais serem revertidos em benefício de sua família.

 No processo foram pedidas todas as provas técnicas e científicas possíveis, provas documentais, testemunhais, exames gráficos, estilísticos e ainda exigia demonstrações mediúnicas! Foi um escândalo total.

O dilema todo era mais ou menos assim: Caso a autenticidade dos textos fosse negada, tanto Chico Xavier quanto a Federação Espírita Brasileira estariam sujeitos a pagar indenizações por perdas e danos e enfrentar prisão por falsidade ideológica. Por outro lado, se fosse reconhecido o correio mediúnico, seria atestada a vida após a morte, haveria um precedente e uma dúvida: deve-se repassar aos herdeiros o direito sobre a obra psicografada? Para saber o final da história, clique aqui e dê uma lida na biografia do Chico.

Eu não consigo imaginar o quão agitado ficou o judiciário da época. Além do processo da viúva de Humberto Campos as cartas psicografadas foram utilizadas em outros processos penais. Essas histórias ressoaram tanto que em 2007 foi apresentado o PL 1705, de autoria de Rodovalho – DEM-DF, para desconsideração desses documentos nos processos penais.

 Referências: 


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[1] MAIOR, Marcel Souto. AS VIDAS DE CHICO XAVIER. 3. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. Pág 34

[2] MAIOR, Marcel Souto. AS VIDAS DE CHICO XAVIER. 3. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. Pág 36

José Lucas Steinmetz

Dá uma olhada, talvez alguma coisa aqui te interesse!

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