Assistentes de voz, drones, carros e
caminhões autônomos começam a tomar os lares pelo mundo enquanto nós ficamos
atônitos, incapazes de acompanhar o ritmo das profundas mudanças sociais que
acontecem. Alguns se perguntam como ficará o mercado de trabalho, outros focam sua
atenção no meio ambiente, na desigualdade, na guerra ou qualquer outro dos
grandes problemas contemporâneos, mas diante de tanta novidade ninguém tem
certeza de como lidar com a situação.
Talvez pela minha formação, ou quem sabe por
simples medo, desde que tomei conhecimento de relatórios sobre a possível irrelevância
do trabalho humano eu comecei a refletir sobre o futuro do trabalho e
dos trabalhadores. Os especialistas aconselham a desenvolver inteligência
emocional, criatividade e habilidades em tecnologia para mantermos nossa
relevância econômica, mas talvez a ferramenta mais importante seja a
conscientização tecnológica da população.
Desde a virada do século está em curso a
convergência de várias tecnologias diferentes, como computação quântica,
inteligência artificial, engenharia genética, impressão 3D e outras que, quando
combinadas, tem potencial para revolucionar todas as áreas da sociedade e
causar o fenômeno da disrupção (mudança brusca no ritmo natural dos
processos humanos) em todos os setores da vida e, por consequência, na própria política.
Está-se diante da possível reformulação de governos, instituições, sistemas de
educação, saúde, transporte, segurança e muitos outros. Trata-se, segundo Klaus
Schwab[1], da quarta revolução
industrial:
A quarta revolução industrial, no entanto, não diz respeito apenas a sistemas e máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito mais amplo. Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente em áreas que vão desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das energias renováveis à computação quântica. O que torna a quarta revolução industrial fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos. (SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução de Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016, pág. 16)
Há muitos exemplos conhecidos sobre o
fenômeno da disrupção, como as fintechs, os aplicativos de economia
compartilhada (aibnb, uber, etc), as plataformas digitais de comércio
eletrônico e, mais recentemente, os veículos autônomos que ameaçam substituir
seus condutores e modificar a indústria automotiva. Essas tecnologias, serviços
e modelos de negócio dividiram os especialistas em basicamente duas correntes:
a dos que acredita na substituição de empregos antigos por novos num ritmo
aceitável, e dos que se preocupam com a irrelevância do capital humano em
poucos anos, sob o argumento de que a formação de novos profissionais não acompanhará
a velocidade das mudanças.
Como somos seres sociais as nossas
habilidades comportamentais e emocionais serão importantes em qualquer cenário
do futuro, porque enquanto fizermos parte da grande família humana a nossa
convivência sempre existirá. Contudo, deve-se lembrar que a história está
repleta de exemplos de egoísmo e desrespeito, e que muitas das conquistas
sociais só ocorreram porque o capital humano sempre teve valor econômico.
Neste primeiro quarto de século, quando
tantas tecnologias convergem e paira no ar o justo receio de que boa parte da população
se torne irrelevante para o mercado de trabalho, cabe a cada indivíduo
colaborar para que as decisões políticas sejam verdadeiramente democráticas e
promovam o bem-estar social, o desenvolvimento econômico e a fraternidade entre
os povos.
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