As experiências de quase morte (EQM), são vivências que algumas pessoas têm quando se encontram no limiar entre a vida e a morte. Elas foram relatadas e documentadas em vários livros desde a antiguidade, e por isso provavelmente sempre existiram. Elas se popularizaram na segunda metade do século XX, quando o médico americano Raymond Moody Jr. publicou seu best-seller “A vida depois da vida”, no qual apresentou um breve estudo sobre esse fenômeno.
Os relatos sobre EQM são variados, e segundo o dr. Raymond Moody Jr, é possível elencar 12 elementos comuns entre elas:1
- A incapacidade de expressar o sentimento por meio de palavras o vivido e sentido;
- Há sensação de paz, calma e desaparecimento de dor;
- Há consciência de estar morto;
- Ocorre uma saída do corpo e o paciente vê a sua reanimação, operação ou lugar do acidente;
- As pessoas se sentem lançadas num local escuro e lá ocorre uma de duas coisas:
- Ou o paciente é rapidamente impulsionado enquanto passa através de um túnel, ataído por uma luz; ou
- Os pacientes permanecem no escuro e tem uma EQM assustadora (1% a 2%)
- Há percepção de um ambiente irreal, com paisagem surpreendente, cores vivíssimas, flores magníficas e até música;
- Há o reencontro e a comunicação com pessoas já falecidas, em muitos casos até familiares;
- Percebe-se uma luz brilhante ou um ser e o paciente sente amor incondicional e total aceitação, ao passo que também obtém acesso a um conhecimento e uma sabedoria profundos;
- Ocorre uma visão panorâmica do passado, ao ponto da noção de tempo e distância aparentemente desaparecerem;
- O paciente tem a impressão de ver o futuro;
- Há percepção de uma fronteira que, se ultrapassada, não haverá volta;
- A volta ao corpo, geralmente acompanhada por forte decepção
Veja um relato para compreender melhor:
As EQMs chamaram atenção da comunidade científica porque costumam ocorrer em circunstâncias que o funcionamento cerebral está seriamente comprometido. Nesses momentos geralmente faltam recursos vitais na corrente sanguínea e a pessoa aparenta inconsciência devido à emergência médica em andamento. Trata-se de um fenômeno tão intrigante que até chega a ocorrer durante anestesias gerais e paradas cardíacas.
Ao se debruçar sobre o tema, Edson Amâncio, um neurologista brasileiro com mais de 20 anos de experiência, dr. pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), deixou uma importante consideração: Se algum dia uma EQM com o cérebro fora de funcionamento, com reflexos do tronco sem resposta, for efetivamente comprovada, estar-se-á diante de bom indício de separação entre o cérebro e a consciência.2 Além disso, ele também se tornou convicto da separação entre cérebro e consciência:
Depois da análise exaustiva das teorias científicas que procuram explicar as experiências de quase morte, minha conclusão é que nenhuma delas consegue justificar de maneira inexorável e irrefutável os aspectos descritos nas EQMs. Nenhum físico, biólogo ou neurocientista consegue explicar como é possível que certas pessoas estejam mais conscientes durante uma parada cardíaca – ou seja, quando o cérebro não é capa de manifestar nenhuma atividade possível de detectar e desaparecem os reflexos corporais e os reflexos do tronco cerebral [...]
Após tantas leituras, tantas reflexões e inúmeros relatos de pessoas que tiveram EQM, estou convencido de que a consciência não podes er considerada produto do funcionamento cerebral [...] página 177
Como se vê, as EQMs são um vasto campo de estudos e muitos pesquisadores hoje se debruçam sobre elas. Embora a ciência não possa se manifestar conclusivamente, muitos estudos apontam que essas experiências constituem evidências da separação mente-cérebro. Além disso, muitos relatos espiritualistas e espíritas também parecem confirmar muito do que os pacientes relataram, como no caso das projeções da consciência.
LIVROS RECOMENDADOS
REFERÊNCIAS
SOUTO MAIOR, Marcel. As vidas de Chico Xavier; Rio de Janeiro: Rocco, 1994
SOUTO MAIOR, Marcel. Por trás do véu de Isis 3ª ed. – São Paulo: Planeta, 2017
1 58 edson amancio
2 Pág 74