O CETICISMO NÃO FAZ SENTIDO

 


A palavra sentido vem do latim “sentire” e significa experimentar algo por meio dos sentidos e da razão, mas ela geralmente vem associada à intenção do indivíduo que se expressa, de modo que quando se diz “o sentido da vida” pretende-se dizer “o propósito da vida”, ou a “intenção da vida”. Essa pergunta, tão importante à humanidade, para os céticos é respondia reconhecendo-se ausência de sentido na vida além de viver, como pensa o biólogo Edward O. Wilson, ganhador do prêmio Crafoord:


A palavra “sentido” pode ser empregada de modo mais abrangente, implicando outra forma de ver o mundo. Os acidentes da história, não as intenções de um criador, geram o sentido. Não existe uma criação prévia, mas redes sobrepostas de causa e efeito físicos. O desenrolar da história obedece apenas às leis gerais do universo. [..] (pág 10, do livro de referência)


Ou seja, assim como o sentido da aranha tecer sua teia seja o de capturar moscas, esteja ela consciente disso ou não, o sentido da vida seria apenas viver, independentemente de como ela tenha surgido, porque este seria seu sentido científico, baseado em redes sobrepostas de causa e efeito oriundas de leis físicas. Esse pensamento passa, necessariamente, pela explicação materialista do mundo, segundo a qual também se acredita que o universo veio do nada, o livre arbítrio não existe, e a consciência se trata de mero subproduto das relações químicas ocorridas no cérebro, além de um punhado de outras bobagens.

A primeira ideia, de que o universo surgiu do nada, apresenta vários problemas, sendo o primeiro metafísico e de fácil compreensão: Se o nada, nada é, dele nada surge. Assim, sempre há de ter existido alguma substância primordial da qual as demais são feitas. O livre arbítrio, apesar de limitado a diversos acontecimentos naturais, existe, especialmente nos momentos de homeostase. Negar-lhe é o mesmo que negar a moralidade de toda humanidade e da experiência social da qual somos testemunhas, afinal de contas, se não houver livre arbítrio também não há responsabilidade pessoal.




Por fim, comparar o sentido de uma ferramenta, como da teia da aranha, com o da vida é uma injustiça flagrante porque a natureza se utiliza de muitos princípios além dos matemáticos. Além disso, em todas as sociedades se observa cadeias de comando, hierarquia e organização, sendo que nos humanos essa característica gerou os campos da moral e da ética, áreas diretamente relacionadas à subjetividade e irredutíveis a meras equações matemáticas.

Por tudo que se sabe da experiência humana, com base na subjetividade que caracteriza a capacidade de sentir e emitir juízos de valor sobre o mundo, o sentido da vida é muito superior ao mero cumprimento e gozo das funções biológicas básicas. Essa subjetividade, independente das leis físicas, é chamada de espírito e além de sentir, pensar, experimentar também divaga sobre os fatos da vida e do universo.




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REFERÊNCIAS


O sentido da existência humana / Edward O. Wilson: tradução Érico Assis. – 1ª Ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2018

José Lucas Steinmetz

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